quarta-feira, 3 de agosto de 2016

CAPONATA SICILIANA

Já parou pra pensar na infinidade de preparados para se fazer com berinjelas? Ensopada, braseada, assada, grelhada, frita...sem exageros, seria capaz de postar toda semana uma receita nova aqui no portal sem repetir por muito, muito tempo.

Natural do velho mundo é bem provável que uma ancestral dessa hortaliça, de casca reluzente e belas curvas, tenha flutuado mar afora da Africa até a Índia onde, domesticada, é até hoje apreciada como condimento ou guarnição aromática.

Mercadores árabes à levaram para a Espanha e ao norte da África durante a Idade Média. Na França teria chegado por volta do século XVIII.

Ao desembarcar na Itália no século XV, foi acusada de planta venenosa e seu consumo deixaria as pessoas loucas, insanas - não estavam de tudo errados, ficamos loucos por um prato de Ratatouille, não é?

No Brasil adaptou-se tão bem que se tornou coisa nossa. A usamos a exaustão em preparados rápidos do dia a dia e em pratos clássicos como o babaganoush, à la parmigiana e a mussacá grega.

Há berinjelas de várias cores e tamanhos, com sabor muito suave ou intensamente amarga. Porém todas as variedades possuem interior esponjoso, com muitas pequenas bolsas de ar entre as células. Quando cozidas as bolsas se esvaziam e a polpa se consolida numa massa de textura fina, às vezes cremosa, às vezes carnosas, tudo depende da variedade e do tipo de preparação.

Representante da comida mediterrânea vegetariana, admirável por seus aromas e texturas carnosas, a caponata - que tem a berinjela como ingrediente principal - é um famoso antepasto do sul da Itália, que se come quente ou frio, como acompanhamento ou entrada. Orgulho dos sicilianos, este prato se torna especial quando preparado com berinjelas jovens e bem firmes , tomates italianos maduros bem vermelhos e um  vinagre de excelente qualidade.

De preparo rápido ,  sempre a faço em casa para acompanhar fatias grossas de pães italiano transformando-a em irresistíveis bruschettas.

Vamos pra cozinha?
Antes, abro uma garrafa de um bom pinot-noir da Borgonha. Não para a receita, mas, para a plateia  e para o cozinheiro. Capricho ou não, acho que esse preparado permite um momento enófilo,  e uma taça de um sedoso e macio vinho francês (nada contra os fermentados italianos),  enquanto se prepara a receita, aguça os sentidos, torna a situação especial. Experimente, fica mais gostoso.

Começo a receita.
Salteio pedaços grandes de 2 berinjelas ( se cortar pedaços pequenos não poderá apreciar seu adorável sabor e textura cremosa), numa panela grande com um de azeite.

Adiciono um punhado de orégano, sal e pimenta do reino. Agito até  que a mistura esteja coberta pelo azeite. Cozinho por mais ou menos 5 minutos, sacudindo vez ou outra, até a berinjela começar a dourar.

Acrescento à mistura, meia cebola roxa picada finamente, talos picados de um maço de salsinha e dois dentes de alhos cortados bem fininhos. Salteio  e cozinho por mais alguns minutos.

Fico a vontade para por mais azeite se percebo que a berinjela está ficando seca.

Junto ao salteado 2 colheres sopa de alcaparras lavadas  e um punhado generoso de azeitonas verdes inteiras sem caroço. Borrifo com vinagre de maçã.

Quando o vinagre tiver evaporado, acrescento 5 tomates italianos picados grosseiramente.

Cozinho por quinze minutos ou até que fiquem tenros. Provo, se necessário corrijo com um pouco mais de sal, pimenta e vinagre.

Retiro do fogo e espalho sobre a caponata quente, salsinha picada e um pouco de passas brancas.

Finalizo polvilhando meu preparado com amêndoas em lâminas e azeite.

Abro outro pinot-noir.