Natural do velho mundo é bem provável que uma ancestral dessa hortaliça, de casca reluzente e belas curvas, tenha flutuado mar afora da Africa até a Índia onde, domesticada, é até hoje apreciada como condimento ou guarnição aromática.
Mercadores árabes à levaram para a Espanha e ao norte da África durante a Idade Média. Na França teria chegado por volta do século XVIII.
Ao desembarcar na Itália no século XV, foi acusada de planta venenosa e seu consumo deixaria as pessoas loucas, insanas - não estavam de tudo errados, ficamos loucos por um prato de Ratatouille, não é?
No Brasil adaptou-se tão bem que se tornou coisa nossa. A usamos a exaustão em preparados rápidos do dia a dia e em pratos clássicos como o babaganoush, à la parmigiana e a mussacá grega.
Há berinjelas de várias cores e tamanhos, com sabor muito suave ou intensamente amarga. Porém todas as variedades possuem interior esponjoso, com muitas pequenas bolsas de ar entre as células. Quando cozidas as bolsas se esvaziam e a polpa se consolida numa massa de textura fina, às vezes cremosa, às vezes carnosas, tudo depende da variedade e do tipo de preparação.
Representante da comida mediterrânea vegetariana, admirável por seus aromas e texturas carnosas, a caponata - que tem a berinjela como ingrediente principal - é um famoso antepasto do sul da Itália, que se come quente ou frio, como acompanhamento ou entrada. Orgulho dos sicilianos, este prato se torna especial quando preparado com berinjelas jovens e bem firmes , tomates italianos maduros bem vermelhos e um vinagre de excelente qualidade.
De preparo rápido , sempre a faço em casa para acompanhar fatias grossas de pães italiano transformando-a em irresistíveis bruschettas.
Vamos pra cozinha?
Antes, abro uma garrafa de um bom pinot-noir da Borgonha. Não para a receita, mas, para a plateia e para o cozinheiro. Capricho ou não, acho que esse preparado permite um momento enófilo, e uma taça de um sedoso e macio vinho francês (nada contra os fermentados italianos), enquanto se prepara a receita, aguça os sentidos, torna a situação especial. Experimente, fica mais gostoso.
Começo a receita.
Salteio pedaços grandes de 2 berinjelas ( se cortar pedaços pequenos não poderá apreciar seu adorável sabor e textura cremosa), numa panela grande com um de azeite.
Adiciono um punhado de orégano, sal e pimenta do reino. Agito até que a mistura esteja coberta pelo azeite. Cozinho por mais ou menos 5 minutos, sacudindo vez ou outra, até a berinjela começar a dourar.
Acrescento à mistura, meia cebola roxa picada finamente, talos picados de um maço de salsinha e dois dentes de alhos cortados bem fininhos. Salteio e cozinho por mais alguns minutos.
Fico a vontade para por mais azeite se percebo que a berinjela está ficando seca.
Junto ao salteado 2 colheres sopa de alcaparras lavadas e um punhado generoso de azeitonas verdes inteiras sem caroço. Borrifo com vinagre de maçã.
Quando o vinagre tiver evaporado, acrescento 5 tomates italianos picados grosseiramente.
Cozinho por quinze minutos ou até que fiquem tenros. Provo, se necessário corrijo com um pouco mais de sal, pimenta e vinagre.
Retiro do fogo e espalho sobre a caponata quente, salsinha picada e um pouco de passas brancas.
Finalizo polvilhando meu preparado com amêndoas em lâminas e azeite.
Abro outro pinot-noir.
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